Pra sempre saudade.

Eu já vivi os dois lados. Já quis ir embora com todas as minhas forças. Quis liberdade. Quis fugir de pessoas. Já quis fugir de sentimentos. Mas, já fui embora e quis não ir. Quis dormir sem que os dias passassem e eu tivesse que partir denovo. Quis que o abraço forte de despedida, da minha família, não fosse de despedida. Quis reencontrar pessoas das quais me afastei. Quis o colo e calmaria da minha mãe. Quis as conversas e brigas dos meus irmãos. Quis dormir na minha cama. Quis ter o meu quarto, que agora já não é mais tão meu; que já perdeu o meu cheiro e já não tem mais as minhas bagunças. Quis o meu guarda roupa, que agora já não guarda as minhas roupas preferidas. Quis estar trancada no quarto, sabendo que as pessoas que mais amo estão ali, na distancia de um ou dois cômodos.
Sinto falta dos carinhos e apelidos da minha mãe. Sinto falta da seriedade e ao mesmo tempo descontração do meu pai. Sinto falta da super organização e da amizade da minha irmã. Sinto falta do ciúme e do companheirismo do meu irmão. Sinto falta da escada da minha casa, e do matagal que circunda. Sinto falta dos meus cachorros e da forma como eles insistiam em me acordar. Sinto falta de chegar na janela e gritar os vizinhos, que são os melhores de todos os tempos, e sinto falta de ver o mais novo deles crescer a cada dia.
Vivo de sentir falta e de querer voltar pra casa. Acreditar que o meu mundo precisa só de tudo isso pra se sustentar. Mas, a vida insiste em me desapontar, e fazer com que eu vá cada vez pra mais longe, e que retorne cada vez com menos frequencia. O que me resta, então, é me contentar com as pequenas frações que me são dadas e ampliá-las em intensidade, pra que se tornem o bastante pra me manterem aqui, distante.

M.M.