quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A síndrome dos 20 e tantos

"Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos. Dá-se conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado(a) etc. E cada vez desfruta mais dessa Cervejinha que serve como desculpa para conversar um pouco.
As multidões já não são ‘tão divertidas’, às vezes até lhe incomodam.

Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo.
Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas. Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor. Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto e te achou o maior infantil, pôde lhe fazer tanto mal. Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar, e isso assusta!

Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado e significa muito dinheiro para seu pequeno salário. Olha para o seu trabalho e, talvez, não esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo.

Dia a dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer. Suas opiniões se tornam mais fortes. Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é. Às vezes, você se sente genial e invencível, outras… Apenas com medo e confuso.

De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando. Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro… E com construir uma vida para você. E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela.

O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse texto nos identificamos com ele. Todos nós que temos ‘vinte e tantos’ e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes. Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça…

Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos… Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16…

Então, amanha teremos 30?!?! Assim tão rápido?!?"

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Aos filhos de Iansã. Eparrei Oyá!




'Arquetipicamente, Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.
Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, que enfrentam a guerra do dia-a-dia, os filhos de Iansã costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas, sendo menos sistemáticos, portanto, que os filhos de Ogum.
São quase que invariavelmente de Iansã, os personagens que transformam a vida num buscar desenfreado tanto de prazer como dos riscos. São fortemente influenciados pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal. Faz parte dos filhos de Iansã a maior arte dos militantes políticos não cerebrais por excelência. Ao mesmo tempo, quando rompem com uma ideologia e abraçam outra, vão mergulhar de cabeça no novo território, repudiando a experiência anterior de forma dramática e exagerada, mal reconhecendo em si mesmos, as pessoas que lutavam por idéias tão diferentes. Talvez uma súbita conversão religiosa, fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Iansã num dado momento de sua vida.
Da mesma forma que o filho de Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior.
O temperamento dos que têm Oyá como Orixá de cabeça, costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não mereceriam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia.
São do tipo Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida.
Como esse arquétipo que gera muitos fatos, é comum que pessoas de Iansã surjam freqüentemente nos noticiários. Ao mesmo tempo, é um caráter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis que costumam fascinar (senão aterrorizar) os que os cercam e os grandes interessados no comportamento humano.
Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só detidamente. A longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões. Eles têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. São muito ciumentos, possessivos, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos para seu círculo mais íntimo.
Um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com que vê sua vida amorosa; outros detalhes podem também contaminar os aspectos profissionais.
Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador.'

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Com o tempo descobri que anjos existem sim. Que aparecem em nossas vidas nos momentos de maiores turbulências. Eles vêm nos ensinar várias lições, mostrar o caminho correto e nos tornar pessoas melhores. São pessoas iluminadas, de um coração gigantesco, uma energia encantadora, e uma alma abençoada. Difícil é desapegar dos nossos anjos. Deixá-los partir em um dia ensolarado, ou uma noite enluarada. E até que ponto isso é mesmo necessário? Você não precisa esquecer, entenda. Mas, um dia eles partem, devem partir. E você precisa deixá-los ir. Precisam mudar muitas vidas ainda. Então por quê todo esse egoísmo? Ele já cumpriu sua missão em você, e agora precisa fazer a diferença para muitas outras pessoas. E vai, e mal sabe que vai, mas vai. Humilde, carinhoso, e de tão insistente ganha os corações mais duros. Entra, faz a faxina que deve fazer e vai embora. Muitas vezes sob lágrimas, mas deve ir. Mesmo distante te causa impacto, te faz lembrar o quanto você ainda precisa aprender com o que foi vivido. E, então te resta agradecer. Você, sem uma palavra, agradece. E deseja todos os dias ter seu anjo de volta. Seu anjo guardião. Mas ele já foi, foi convocado para outra missão. Foi ser o guardião de outro alguém.

M.M.

sábado, 27 de outubro de 2012


Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não 

Eu tenho zumbi, besouro o chefe dos tupis
Sou tupinambá, tenho erês, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curarês, flechas e altares.
A velocidade da luz no escuro da mata escura
O breu, o silêncio, a espera. Eu tenho Jesus,
Maria e José, todos os pajés em minha companhia
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou.

Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não 

Não misturo, não me dobro A rainha do mar
Anda de mãos dadas comigo, me ensina o baile
Das ondas e canta, canta, canta pra mim, é do
Ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda o
Meu corpo, garante meu sangue, minha garganta
O veneno do mal não acha passagem e em meu
Coração Maria ascende sua luz, e me aponta o caminho.
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã,
Giro o mundo, viro, reviro, tô no reconcavo
Tô em fêz, vôo entre as estrelas, brinco de
Ser uma, traço o cruzeiro do sul com a tocha
Da fogueira de João menino, rezo com as três
Marias, vou além, me recolho no esplendor das
Nebulosas descanso nos vales, montanhas, durmo
Na forja de Ogum, mergulho no calor da lava
Dos vulcões, corpo vivo de Xangô

Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou, o santo me leva
É por onde eu vou, o santo me leva

Medo não me alcança, no deserto me acho, faço
Cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo
Meus pés recebem bálsamos, unguento suave das
Mãos de Maria, irmã de Marta e Lázaro, no
Oásis de Bethânia.
Pessoa que eu ando só, atente ao tempo, num
Comece nem termine, é nunca é sempre, é tempo
De reparar na balança de nobre cobre que o rei
Equilibra, fulmina o injusto, deixa nua a justiça

Eu não provo do teu féu, eu não piso no teu chão
E pra onde você for não leva o meu nome não
E pra onde você for não leva o meu nome não

Onde vai valente? você secô, seus olhos insones
Secaram, não vêem brotar a relva que cresce livre
E verde, longe da tua cegueira. Seus ouvidos se
Fecharam à qualquer música, qualquer som, nem o
Bem nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe
Você pisa na terra mas não sente, apenas pisa,
Apenas vaga sobre o planeta, já nem ouve as
Teclas do teu piano, você está tão mirrado que
Nem o diabo te ambiciona, não tem alma, você é
O oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo.

O que é teu já tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar,
Não sou eu que vou lhe dar,
Não sou eu que vou lhe dar.

Eu posso engolir você só pra cuspir depois,
Minha fome é matéria que você não alcança,
Desde o leite do peito de minha mãe, até o sem
Fim dos versos, versos, versos, que brota do
Poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita
Na palma da inspiração de Caymmi, se choro, quando
Choro e minha lágrima cai é pra regar o capim que
Alimenta a vida, chorando eu refaço as nascentes
Que você secou.
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal, e
Sortilégio, vivo de cara pra o vento, na chuva, e
Quero me molhar. O terço de Fátima e o cordão de
Gandhi, cruzam o meu peito.
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga,
Mas nenhuma espada corta

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe comigo


Carta de Amor -  Maria Bethânia

Be Hippie (:


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Isto não é só uma dança. Não entendeu não? Não, não olhe para o chão. Levante a cabeça, mantenha os olhos firmes e um sorriso no rosto. O contato visual é essencial, meu caro, nunca perca sua parceira do seu campo de visão. Assim, você poderá prever seu próximo movimento, e tudo aquilo que se passa em sua mente. Não, não acelere tanto os passos - a vida é tango, e não baião. Você tem uma música para convencê-la de que vale a pena receber alguns pisões, mas, não a julgue se, algumas vezes, ela também tropeçar nas próprias pernas. Levante a cabeça, pare de dizer que não sabe dançar, já disse: isso não é só uma dança. É a vida, meu caro. Pela última vez, pare de olhar para o chão, olhe nos olhos de sua parceira e veja o que deve ser visto, sinta o que precisa ser sentido. Muitas vezes é necessário desconsiderar o que diz a música, não se importar em trombar em outros que também dançam e ignorar os que riem de você. A cada dia, uma nova música. Talvez não fosse o momento para dançar aquele ritmo, e então por isso tudo tenha saído tão descompassado. Há sempre uma nova música, um novo ritmo. Uma nova chance. Devia haver.

M.M

segunda-feira, 4 de junho de 2012

"Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?"

Rubem Braga